Na minha aula de ESL (English as Second Language) tem imigrantes de diversos lugares do mundo. Eh interessante escutar um pouco da experiencia de cada um. Mas todos que estao lah, na turma da tarde, ou estao desempregados ou trabalham meio turno. Na sua maioria, trabalham no setor de servicos.
Todas as historias fazem a gente pensar, e os sentimentos que brotam sao diversos.
Uma certa agonia, de pensar: Nossa, serah que isto nao vai acontecer comigo (9 meses sem emprego ainda...)?
Ou uma tristeza em ver pessoas que largaram tudo e nao veem hoje um sentido para isto. "Se eu soubesse o que eu iria passar aqui, nao teria vindo", falaram duas mulheres: uma da Russia e uma da Bulgaria. Estas vidas que vieram cheias de falsas esperancas, de sonhar com o pais das oportunidades, que nao acabaram sendo tao boas assim. Pior do que viver em um pais pos-comunista? Fica a pergunta.
Ou uma certa satisfacao em ver que algumas pessoas ousaram lutar por uma vida diferente e conseguiram: uma moca que veio do Iraque! Ela trabalha de garconete, mas irradia uma felicidade indescritivel. Uma seguranca de quem atesta ao mundo: agora eu vivo!
Nao viemos ganhar dinheiro. Tampouco com ilusoes romanticas de que as coisas iriam cair do ceu. Que nem disse a mulher da Bulgaria, eh preciso ter um forte motivo.
O meu motivo hoje eh pensar que posso oferecer para as minhas filhas um universo ampliado. Aqui ainda eh possivel ter uma vida digna, qualquer que seja a ocupacao que elas escolherem, se quiserem viver aqui.
Se quiserem. Mas eu hoje estou lhes dando a chance de poderem fazer esta escolha no futuro. E elas nao serao imigrantes, nao terao que lutar tanto para achar seu lugar ao sol.
De um certo modo, de um certo ponto de vista, nao viemos aqui tambem buscar o que nossos ancestrais uma vez buscaram no Brasil? Oportunidades?
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